quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Fim de ano: inevitavelmente, uma época de retrospectos e prospectos. Não vou negar que passei alguns dias pensando neste post, uma espécie de gran finale para este ano de 2009. Mas, como vocês já devem ter visto em meus textos anteriores, não consigo escrever tal e qual Machado de Assis, ainda que me esforce um pouco.
A história só faz sentido depois que ela ocorre. Então, vendo hoje, dia 31, tudo se encaixa perfeitamente: a gravidez, a interrupção inesperada, a segunda operação, os dias de UTI. Na verdade o Tito ‘só‘ ficou 'indisponível' para os familiares por uns vinte dias. Pouca coisa mesmo.
Mas só faz sentido no final. Claro. Mas eu vou contar um negócio pra vocês. Simplesmente não dava tempo de sentir medo, naqueles vinte, trinta dias de maio-abril – foi tudo rápido, intenso e ainda assim, tinha a sensação que nunca iria acabar. Ao mesmo tempo que eu tenho vivido toda a felicidade do mundo todos os dias, desde o nascimento do Tito, não gosto de pensar na quantidade de provações que nós passamos dia após dia. E pior: sabemos que outros pais ao redor do mundo, tem seus leões para matar a cada dia com - e por - seus filhos.
A paternidade deu sentido a muitas coisas para mim. Infinitas. Poucas são possíveis de serem descritas, e ainda assim corro o risco de ser piegas. Esta foi uma das minhas primeiras constatações de pai: é impossível explicar o que ocorre com a gente e tentar fazê-lo acaba sendo meio ridículo e sentimental demais. Não tenho palavras para explicar (urgh! Isto foi piegas mesmo. Mas é como vejo a situação e pronto.). No âmbito do meu trabalho, isto está sendo fatal.Fatal para a forma como me relaciono com meu ofício. Simplesmente não consigo entender, como existem alunos que não respeitam os pais, que são mal-educados, desonestos ou mesmo alunos que não gostam de si mesmos, assumindo um comportamento auto- destrutivo. Pombas, uma criança chega ao mundo sem nada; e tudo que recebe do mundo exterior são coisas boas. E não consigo entender que alguns adultos não o façam por suas crianças. É um absurdo. Pior ainda são as crianças, que tem a sua disposição todo o amor e carinho que uma família pode porporcionar, que se tornam delinqüentes, desprovidas de limites.
É claro que este é um risco que eu e a Dani estamos assumindo. Mas iremos fazer o máximo para que isto não ocorra. Saúde e caráter, este é o meu mantra para o Tito e os vindouros.
A paternidade também proporcionou um outro ponto de vista acerca de nossas amizades. Elas continuam as mesmas. Mas a intensidade ( se é que é esta a palavra ) mudou consideravelmente. Pessoas, nem sempre tão próximas, num dado momento passaram a fazer parte de nossa vida: fosse por dificuldades em comum, ou simplesmente por que nossos destinos assim se cruzaram. E estas boas pessoas fazem questão de manterem nossas vidas unidas. Obrigado a todas elas e não vou citá-las. Elas sabem exatamente quem são, e nem todas estão neste blog, nem em minha casa.
A ultima coisa da paternidade que eu gostaria de lembrar – mas de longe existem uma série de aspectos que eu não vou citar neste post já muito longo – é a questão da responsabilidade. Li num gibi uma vez que um homem depois que passa a ter mulher e filho nunca mais é livre. Esta seria a essência da responsabilidade, que o nascimento de um bebê só faz agravar ainda mais as coisas. pra encerrar, vou contar uma breve estória de fim de ano, que acredito falar destas coisas loucas: paternidade, responsabilidades, casamento e filhos. Vou transcrever exatemente o que estava no meu celular e perdoem os eventuais erros:
‘pela terceira ou quarta vez neste ano a mamucha veio para o hospital. Desta vez, parece, foi uma infecção intestinal. Eu também passei mal a tarde e espero que e que eu tenha jogado o lixo que fez a minha esposa passar mal fora. Entrar no lugar em que nosso filho nasceu trouxe uma série de lembranças. Algumas que eu tinha esquecido. Vocês já ouviram falar da comadre? Pois é. O padre fala tudo no casamento menos do dito cujo do penico de colchão que nego usa quando não pode ir ao banheiro. É, caras, não contam isto. Casamento não é só amor: é trocar penicos e fraldas sujas. Quando um casal separa nem consigo imaginar o que teria sido de tão grave para que duas pessoas que passaram tanta coisa juntos passem a se odiar. Pois bem. Um casal na nossa frente no atendimento estava em situação semelhante a nossa, com a diferença que o marido é que estava necessitando de cuidado. Perguntei a eles a quantos anos eles eram casados - pois existem lugares confessionais em que as pessoas parecem mas propensas a serem mais sinceras e espontâneas: no caso, um hospital – e eles me perguntaram o porque de minha curiosidade. Expliquei. Minha esposa estava sendo tratada naquele momento e tal estávamos casados 4 anos e tanto e iríamos fazer 5 por aqueles dias. Caras, eles estavam juntos a 50 anos. O senhor fez uma expressão do tipo, ‘muito novos. Vocês ainda não viram nada’. Vida loca, caras. Muito loca.’
Depois desta estória: No departamento das perspectivas, bem temos boas e más notícias para 2010 e para os anos seguintes. As boas: estas coisas são pra vida toda. As más: elas são para toda vida.
Bom ano para todos nós meus queridos. Só podemos tentar fazer deste mundo um lugar melhor. O resto vem fácil.

Um comentário:

Solange disse...

É Zeca, falou muito, mas falou bem!Nem se preocupe, tenho certeza absoluta que vc e Dani vão educar o Tito com muito carinho, amor, saúde e fazendo valer à ele que carater e ética é a coisa mais importante num homem...o resto vem fácil!
Feliz 2010 para vcs! Um beijo grande!